A última edição do ano da Feira Quilombola de Cabo Frio, neste sábado(13), foi marcada por muita música, gastronomia e valorização da produção agrícola e artesanal das comunidades quilombolas da cidade e da Região dos Lagos. O evento, que acontece todo segundo sábado do mês no Horto Municipal, marcou o encerramento da programação anual da feira, reunindo visitantes e expositores em clima de confraternização.
A feira é promovida pelas cooperativas das Comunidades Quilombolas da Região dos Lagos (Cooperquilombo) e da Agricultura Familiar da Região dos Lagos (CoopaLagos) e conta com o apoio da Prefeitura de Cabo Frio, por meio das secretarias de Cultura e de Meio Ambiente, Clima e Saneamento. A iniciativa tem como objetivo promover e dar visibilidade ao trabalho e aos saberes ancestrais do povo quilombola, fortalecendo a economia solidária por meio da comercialização de produtos agroecológicos, cultivados de forma sustentável nas comunidades da cidade, como aipim, inhame, quiabo e banana, entre outros.
O presidente da Cooperquilombo, Altair Barreto, ressaltou a importância da feira para as comunidades quilombolas. “A feira trouxe visibilidade para nós, quilombolas, que antes não tínhamos como escoar nossa produção. Muitos produtos eram perdidos, mas hoje conseguimos vender o nosso feijão, ovos, hortaliças, tudo sem agrotóxicos. Isso trouxe um valor real para a nossa vida. O Horto Municipal virou a casa dos quilombolas. Todo segundo sábado do mês aqui é a nossa casa, nosso quilombo. Toda a família quilombola só tem a agradecer à Prefeitura pela parceria nessa feira, que é muito importante para nós”, disse.
A feira também se destaca pela rica produção artesanal, com a participação de artesãos locais, como Jane Marins, da comunidade quilombola de São Jacinto – Campos Novos. Especializada em trabalhos com fibras naturais, a artesã também enalteceu a feira como um espaço de reconhecimento da cultura e das práticas tradicionais. “Com a feira, a gente tem a oportunidade de trazer a nossa arte do campo para o centro da cidade. Isso é muito importante para nós, pois muitos de nós não éramos reconhecidos. Mostrar nossa cultura é um ato de resistência, um símbolo de que nossa identidade continua viva”, afirmou.
Neste sábado, a programação musical ficou por conta da banda Lira Independente de Cabo Frio, projeto cultural de resgate da tradição musical da cidade, 100% composto por músicos locais. O grupo abrilhantou a última edição do evento, sob a regência do maestro Jorge Ramos Tardelli e com a presença da jornalista Fernanda Carriço, uma das fundadoras do grupo.
Além da música ao vivo e do artesanato, os visitantes também puderam aproveitar uma variedade de delícias gastronômicas, com pratos frescos servidos durante toda a programação. “Aqui temos nhoque de beterraba, de espinafre e de inhame. Temos o angu à baiana, que também é um prato tradicional de grande aceitação. A gente fica muito feliz, porque esse projeto trouxe muita visibilidade à nossa cultura. É onde nos sentimos valorizados”, comentou o educador Pedro Paulo Almeida, que também integra a cooperativa quilombola da Região dos Lagos.
Este ano, a Feira Quilombola também foi um dos projetos contemplados pelo edital Territórios em Foco, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, com realização por meio da Política Nacional Aldir Blanc e do Ministério da Cultura. Atualmente, cerca de 80 expositores estão cadastrados na feira e participam em sistema rotativo.