O Palácio das Águias, em Cabo Frio, sediou, neste sábado (27), o potente e representativo Encontro das Pretas. Essa, que foi a quinta edição, celebrou dez anos de existência da atividade coletiva. Em uma parceria da Prefeitura de Cabo Frio, por meio da Secretaria de Cultura, com a Rede das Pretas, o evento, dentro do Setembro Amarelo, abordou o tema central “Cuidado, Autocuidado e afetividade entre mulheres negras”.
“A Rede das Pretas está comemorando 10 anos, estamos de Macaé a Maricá, e Cabo Frio é o coração da nossa rede. Nesse coletivo, temos generosidade e afeto para todas. É um espaço potente de partilha, de fortalecimento e de afirmação da identidade das mulheres negras. Ao integrar o Setembro Amarelo, reafirmamos o cuidado como forma de salvar vidas”, disse a secretária adjunta de Cultura e idealizadora da Rede das Pretas, Margareth Ferreira.
A cada dois anos, a Rede das Pretas realiza o Encontro como uma das ações do Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio e valorização da vida destacando a importância de criar espaços que promovam saúde mental, bem-estar e autoestima. Segundo as organizadoras, o evento reforça a necessidade de valorizar a vida das mulheres, reconhecendo o autocuidado como prática ancestral, ato de resistência e estratégia fundamental na prevenção ao adoecimento e ao suicídio.
A programação, que foi aberta com uma Ciranda das Pretas, contou com diversas rodas de conversa abordando temas comuns às vivências de mulheres negras, como saúde física e mental, empreendedorismo, autocuidado e muito mais.
Além dos espaços de escuta e troca coletiva, o evento celebrou ainda o aniversário de 10 anos da Rede das Pretas e o lançamento da Academia de Letras Pretas (ALP). Ao longo do dia, atividades manuais e atendimentos de práticas integrativas em saúde foram oferecidas às participantes.
Desafios e importância do encontro
Mulheres negras representam a maioria da população brasileira, mas continuam a enfrentar desigualdades raciais, de gênero, e sociais, principalmente quando ocupam espaços de poder. Isto impacta diretamente sua saúde mental. Pesquisas apontam que elas são as mais afetadas por depressão, ansiedade e risco de suicídio.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o suicídio é uma das principais causas de morte entre mulheres jovens no Brasil, com maior incidência em territórios periféricos e em populações racializadas. Esse cenário reforça a importância de encontros como este, que ampliam redes de apoio, promovem acolhimento e fortalecem a autoestima.
Fotos: Wislei Rabello/COGECOM